Como lidar com a pressão para flexibilizar áreas comuns nos condomínios?
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14/06/2020O início da flexibilização das regras de quarentena dentro dos condomínios está colocando moradores e síndicos em pé de guerra. Obras foram retomadas, causando barulho e atrapalhando quem está trabalhando e estudando em casa. Áreas comuns, por outro lado, permanecem fechadas apesar da pressão dos moradores. A situação se agravou na semana passada, após resposta do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, a uma consulta do advogado Marcio Rachkorsky, especialista em condomínios.
O que foi que Covas disse?
No documento, o prefeito esclareceu que cabe a cada síndico determinar o ritmo e a forma da flexibilização da quarentena. “A decisão de exigir máscara nas instalações do condomínio é prerrogativa de cada um. Da mesma forma, cabe a cada um decidir a respeito de obras nas unidades habitacionais, ou sobre a ocupação das áreas de academia e de piscina”, respondeu Covas à consulta.
Isso significa que liberou geral?
Não mesmo. Angélica Arbex, gerente de relações com o cliente da Lello Condomínios, diz que a reabertura das atividades e espaços dos condomínios deve seguir o mesmo ritmo das escolas. “A lógica é a mesma: tanto na escola quanto no condomínio convivem pessoas com cumprimento de regras de isolamento diferentes. Por isso, é preciso ter cuidado. Abrir é mais difícil que fechar”, afirma Angélica.
O que dá para reabrir agora?
A recomendação da Lello é que ainda não é hora de reabrir o uso com aglomeração das áreas comuns abertas. A Lello administra 3.000 condomínios, o equivalente a 1 milhão de moradores. “Dá para usar espaços abertos, como quadras, com revezamento de apartamentos e agendamento de horários. Mas é preciso evitar aglomerações, por isso ainda não é hora de abrir o playground.
E como fica a reabertura de piscina, academia e salão de festas?
A regra de reabertura de academias, salões de festa e churrasqueiras deve seguir o cronograma do governo, pois são espaços fechados. Já a piscina, segundo Angélica, pode ser usada com restrições para aglomeração. “Precisa aprovar o protocolo de uso dessas áreas [fechadas]”, diz Angélica.
O que os moradores querem?
O síndico profissional Rafael Bernardes, da Patrimonius, fez uma enquete com moradores dos 30 condomínios que administra. Ele descobriu que o que as pessoas mais querem voltar a usar é a academia e o playground. “Academia ganhou disparado.”
Mas como atender a esse desejo por academias?
Rafael disse que está coletando orçamentos para instalação de equipamentos de exercícios ao ar livre, como esses que existem em praças e parques. Um conjunto de sete equipamentos custa cerca de R$ 8.000 e pode ser pago em 12 vezes. “É preciso ver o espaço e orçamento de cada condomínio, mas não é uma obra cara.”
O que tem irritado os moradores?
O barulho ganha de lavada. Rafael diz que o número de reclamações sobre esse tema saltou de 20 para 120 em um único condomínio com 800 moradores. “As pessoas estão enclausuradas, sem paciência, não suportam barulho de cachorro, de criança, e obra. A tolerância caiu, a violência doméstica aumentou.”
E as obras?
Esse é um problemão na vida dos síndicos. Rafael diz que muitos síndicos têm dificuldade para barrar obras porque a lei que permite isso (a 1179) não foi sancionada até agora. “O síndico tem receio de barrar a obra e ser processado por danos morais e materiais. Ele precisa agradar a gregos e troianos. É muito difícil.”
Um problema real com barulho
A professora Barbara Bento sofre desde março com a falta de regras para obras no condomínio em que mora em Diadema, na Grande São Paulo. “A síndica não fez uma assembleia, não ouviu os moradores, ela simplesmente decide quais obras podem e quais não podem ser feitas, tudo da cabeça dela.”
O problema é que fica inviável dar aulas ou participar de reuniões online com o vizinho trocando piso e derrubando parede. “É impossível trabalhar, tive que vir para uma chácara para conseguir participar das minhas atividades remotas.”
Segundo Bárbara, a irmã é médica e dá aulas na USP. “Ela precisa ir até o consultório para dar aulas, impossível trabalhar de casa.”
Angelica, da Lello, diz que o assunto é polêmico, mas o bom senso recomenda que somente obras emergenciais possam ser realizadas neste momento. “Sabe qual o problema? Primeiro, você leva gente de fora pra o condomínio, aumentando o risco de contaminação. Obra gera mais lixo, sobrecarregando os funcionários. E o barulho atrapalha os outros. Obras não emergenciais não devem ser liberadas enquanto não houver retomada das atividades das pessoas nas empresas e escolas.”
Para atender a gregos e troianos, Rafael criou um cronograma para obras: das 11h às 15h, as segundas, quartas e sextas-feiras. “Assim, as pessoas podem marcar suas reuniões fora desses dias e horários e as obras não ficam proibidas.”
Fonte: Fabiana Futema – 6 minutos
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