Manutenção preventiva: o seu condomínio faz?
30/06/2021Violência doméstica em condomínios
13/07/2021O Brasil atravessa um cenário hidrológico crítico, com a pior seca dos últimos 91 anos, de acordo com o Ministério de Minas e Energia. Após um período úmido com poucas chuvas, o que já comprometeu o nível de armazenamento dos principais reservatórios do País, é chegado o inverno – estação de maior escassez.
Para que o condomínio não fique refém de um racionamento mais agressivo, nem tenha gastos exorbitantes com a contratação de caminhões-pipa, a palavra de ordem é “economia”, e ela deve partir do síndico, que tem o poder de liderar a massa condominial, conscientizando-a sobre as medidas de redução de consumo de água e seus benefícios.
Nesta matéria, apresentamos diversas maneiras de economizar água no condomínio, que vão desde mudanças simples de hábitos a instalação de sistemas mais modernos. Com a influência do síndico, é possível estimular uma corrente positiva em todo o condomínio. Vamos lá?
Dicas simples para economizar água no condomínio
1) Inspeção contra vazamentos
Vazamentos são a maior causa de desperdício de água em condomínios e vistorias informais – porém diárias – feitas pelo zelador tanto nas unidades quanto nas áreas comuns (canos, válvulas, torneiras e caixas d’água), podem fazer uma grande diferença.
Além disso, o ideal é sempre monitorar a conta e acompanhar possíveis oscilações.
Para um melhor acompanhamento, recomenda-se contratar uma empresa especializada no serviço, com inspeções anuais ou semestrais que darão resultados mais técnicos e precisos.
Além disso, realizar na hora certa a impermeabilização de áreas como reservatórios e piscinas, é uma prevenção contra o desperdício de água diante de vazamentos.
2) Orientação e conscientização dos funcionários
É importante entender como os funcionários da limpeza trabalham para identificar atividades que podem gerar desperdício, e a partir daí, estabelecer as mudanças de rotina. Abaixo listamos instruções para cada área do condomínio:
JARDINS
Se possível, regue as plantas com água proveniente de alguma fonte de reuso, como das chuvas, utilizando sempre um regador, e não a mangueira.
Também procure realizar essa tarefa no começo da manhã ou no final da tarde, momentos em que ocorre menor evaporação de água, e não à noite, pois poderá provocar proliferação de fungos nas raízes. Já no inverno, o ideal é regar em dias alternados e, de preferência, nos primeiros horários da manhã.
ÁREAS INTERNAS
Para hall, corredores, academia, salão de festas etc, um pano umedecido em um balde com água e produto de limpeza é a melhor solução. Nada de mangueiras.
GARAGEM
Limpe o chão apenas quando necessário, e sempre com um pano molhado no balde, nunca com a mangueira ou equipamentos de água pressurizada.
CAIXAS D’ÁGUA
Em alguns municípios e estados, como São Paulo, existem leis que obrigam a limpeza dos reservatórios pelo menos duas vezes no ano e, caso o serviço não seja executado adequadamente, pode causar grande desperdício de água.
Por isso, sempre faça um agendamento prévio do serviço com a empresa, para que o zelador consiga transferir o volume de água de uma caixa para outra, evitando desperdiçar o insumo e ainda garantindo que os moradores continuem abastecidos.
Além disso, sempre verifique se os reservatórios estão devidamente vedados, para impedir a evaporação da água.
CALÇADAS E ÁREAS EXTERNAS
O hábito de usar a mangueira para lavar calçadas e áreas externas é comum e traz grandes prejuízos. Segundo dados da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), em 15 minutos são perdidos 279 litros de água nesse processo.
Por isso, o recomendado é usar a vassoura, e se realmente houver necessidade de lavar o espaço, que seja utilizada água oriunda de alguma fonte de reuso, como das chuvas.
PISCINAS
Sem a capa de proteção, exposta ao sol e à ação do vento, a piscina perde aproximadamente 3.785 litros/mês por evaporação – o suficiente para suprir as necessidades de água potável de uma família composta por quatro pessoas. Portanto, é imprescindível cobrir o local, pois isto reduzirá a perda em 90%.
3) Campanhas de conscientização com os moradores
É muito importante incentivar os moradores a economizar água não somente em períodos de racionamento. A comunicação de consumo racional deve ser frequente, podendo ser lembrada nas assembleias e por meio de cartazes e circulares.
Nessa rotina, fica mais fácil mudar a mentalidade e construir novos hábitos. Abaixo, listamos algumas modelos e dicas.
4) Incentivos municipais de economia
Verifique se a companhia de água e esgoto que atende seu município oferece programas de descontos por economia, como acontece na cidade de São Paulo.
Nesta opção, o formato de cobrança muda. Normalmente, o cálculo leva em conta o total de metros cúbicos consumidos em todo o edifício, ou seja, entende-se como se fosse apenas um consumidor.
Com o cadastro de economias (que não se aplica a ligações com medição individualizada), esse valor é dividido pelo número de unidades mais a unidade da área comum, resultando em um metro cúbico de água mais barato para o condomínio.
Para se ter uma ideia de custo e de consumo, de acordo com levantamento da administradora BBZ junto aos condomínios clientes em São Paulo, o consumo médio total de um empreendimento de 100 unidades foi de 1.751,00 m³ nos últimos 12 meses (julho/20 a junho/21), com valor médio total de R$ 12.263,06. O custo médio do metro cúbico foi de R$ 6,87 por m³, sendo o consumo médio por unidade de 17,51 m³.
Sistemas que podem ajudar a economizar água no condomínio
1) Individualização de hidrômetros
No sistema tradicional, a concessionária de água faz a leitura apenas na entrada de água principal do edifício. Assim, a conta é dividida no rateio entre os moradores e paga-se de uma vez só pelo condomínio.
Com a individualização dos hidrômetros, cada unidade paga o que consome, o que acaba motivando os moradores a reduzir o consumo, além de ficar mais simples acompanhar a conta e identificar possíveis vazamentos mais rapidamente.
O sistema tem se popularizado no mercado e, consequentemente, os custos para implantação estão caindo. No entanto, a proposta deve ser amplamente estudada pelo condomínio, pois, principalmente em prédios antigos, a obra nem sempre é viável.
Já para edificações novas, construídas a partir de 12/07/2021, a Lei Federal nº 13.312/2016 tornou obrigatória a instalação de hidrômetros individualizados.
2) Captação da água da chuva
Nesse sistema, a água de chuva, coletada pelas calhas no telhado do condomínio, é armazenada em uma cisterna no térreo ou subsolo.
Também é possível utilizar um reservatório para escoar a água da chuva já existente, bombeando a água acumulada para fora do subsolo, e assim reaproveitá-la para limpeza de áreas comuns ou para rega do jardim, por exemplo.
O investimento para adquirir o sistema é relativamente caro, sendo assim, é preciso levar em conta o volume de água utilizado para esses fins. Se for alto, pode ser vantajoso.
Para refletir: E a água que pinga dos aparelhos de ar-condicionado? Quem sabe seja possível estudar esse projeto junto a empresas especializadas.
3) Reaproveitamento da água
Corresponde a uma pequena estação de tratamento das águas de uso “nobre” (banho e pias) para reutilização em fins “menos nobres”, como descargas, lavagens de pisos e outros. No Brasil, o sistema vem sendo bastante utilizado por indústrias, mas ainda é incipiente em condomínios.
4) Válvulas para eliminar o ar da tubulação de água
Quando ocorrem problemas de abastecimento das concessionárias, os encanamentos do condomínio podem ficar muito tempo sem água, e ao retornar, ela vem “empurrada” pelo ar, fazendo com que o consumidor pague por ele também.
As válvulas ‘antiar’ podem ser alternativas para resolver o problema. Esses equipamentos podem ajudar, principalmente, quem está mais distante dos reservatórios ou quem mora em locais mais altos. No entanto, em condomínios onde a pressão da água é fraca, criar mais um obstáculo para que ela chegue até a caixa d’água talvez seja inviável.
O mercado oferece duas opções destas válvulas:
- Eliminadoras de ar: São instaladas antes do hidrômetro, e por isso, geram certa discordância, afinal, essa parte do sistema é de responsabilidade da rede pública. Diante disso, a instalação exige autorização da concessionária. Têm a função de expelir o ar que surgir na tubulação por meio de pequenos furos existentes na sua parte externa.
- Bloqueadoras de ar: São instaladas após o hidrômetro, então, por serem instalados dentro da tubulação do cliente, não dependem da aprovação da concessionária. Possuem a função de diminuir a passagem do fluxo de água em caso de ar na tubulação, utilizando mecanismos de redução de pressão.
5) Poços artesianos
Apesar de não ser a opção mais adequada para economia de água, poços artesianos podem ser indicados para condomínios situados em regiões onde o abastecimento é frequentemente comprometido.
A obra, extremamente onerosa, engenhosa e burocrática, consiste numa perfuração profunda do solo para retirada da água natural até a superfície.
Especialistas entendem que o sistema pode gerar economia na conta de água, mas não impacta na economia do insumo em si, uma vez que, geralmente, os locais abastecidos por poços artesianos têm a falsa ideia de que a água ali ‘dura para sempre’.
Dicas simples de economia de água para moradores
VAZAMENTOS
De acordo com a Sabesp, uma torneira gotejando desperdiça mais de 40 litros de água por dia. Se o fluxo de água for maior que isso, o desperdício sobe para mais de 130 litros por dia. Além de prestar atenção na pia, fique de olho se há vazamento no seu vaso sanitário, ducha e chuveiros.
BANHOS CURTOS
Em casas, um banho de ducha de 15 minutos, com o registro meio aberto, consome 135 litros. Se o banho durar 5 minutos, com o registro fechado enquanto se ensaboa o corpo, o consumo cai para 45 litros – economia de 90 litros.
Em apartamentos, os números são mais alarmantes: um banho de 15 minutos consome 243 litros de água; reduzindo o tempo para 5 minutos, a economia pode chegar a 162 litros. (Fonte: Sabesp).
Portanto, nada de banhos demorados. Mantenha o chuveiro fechado, acionando-o, na medida do possível, apenas na hora de se ensaboar ou lavar os cabelos. Isso pode diminuir o consumo de 180 para 48 litros por banho, segundo dados de pesquisas realizadas pelas empresas de distribuição de recursos hídricos.
USO DO VASO SANITÁRIO
Uma bacia sanitária com válvula e tempo de acionamento de 6 segundos gasta de 10 a 14 litros por descarga, segundo a Sabesp. Como o usuário pode controlar o tempo e a pressão exercidos sobre a descarga, procure pressioná-la por pouco tempo e o mínimo possível, e sem acioná-la desnecessariamente.
Nesse sentindo, vale ressaltar que o vaso sanitário não deve ser utilizado como lixeira ou cinzeiro. Também é importante verificar se há vazamentos nas conexões, consertá-los assim que eles forem notados e manter a válvula sempre regulada – ou o consumo pode chegar a 30 litros de água por descarga.
USO DA TORNEIRA
Uma torneira aberta durante cinco minutos gasta 12 litros de água em casa e 80 litros em apartamento. Mas, se a torneira for aberta apenas para molhar a escova de dentes e se for utilizado um copo de água para enxaguar a boca, a economia é de 11,5 litros de água em casa e de 79 litros em apartamento, segundo estipula a Sabesp.
O mesmo vale para se barbear: em cinco minutos, gastam-se 12 litros de água. Com economia, o consumo cai para 2 a 3 litros. A redução pode chegar a 10 litros de água, suficiente para manter-se hidratado por pelo menos cinco dias!
Ainda assim, ao lavar o rosto por um minuto com a torneira meio aberta, uma pessoa gasta 2,5 litros de água. A dica é não demorar e não deixar o registro aberto à toa.
LAVAR A LOUÇA
Com a torneira meio aberta durante 15 minutos, consome-se 117 litros de água em casa e 243 litros em apartamentos. Por isso, limpe os restos de comida dos pratos e panelas (ou até deixe de molho), ensaboe toda a louça com o registro fechado e só então o abra para enxaguar os recipientes. Ao adotar essa prática, o consumo pode reduzir para 20 litros.
LAVAR ROUPAS
Uma lavadora de roupas com capacidade para 5 kg gasta 135 litros de água. O ideal é usá-la com a capacidade total e, no máximo, três vezes por semana. A água do tanque ou máquina de lavar pode ser reaproveitada para faxina do apartamento, por exemplo.
De acordo com orientações do Conselho Regional de Biologia, a escolha do modelo de máquina de lavar deve ser adequado à demanda do consumidor. Por exemplo, é desproporcional que uma pessoa que mora sozinha possua uma máquina de 17 kg. Nesse sentido, recomenda-se que uma família de 5 pessoas opte por um modelo maior para que seja possível usá-lo apenas uma vez por semana e não diariamente.
REGAR PLANTAS
Ao molhar as plantas durante 10 minutos com a mangueira aberta, o consumo de água pode chegar a 186 litros. Para economizar, faça a rega no período da manhã ou à noite, o que reduz a perda por evaporação. Use um regador ou, em último caso, uma mangueira com esguicho-revólver, podendo chegar a uma economia de 96 litros de água.
LAVAGEM DE CARRO
Ainda que muitas convenções proíbam os moradores de lavar os veículo na garagem do condomínio, pode ser que muitos utilizem a mangueira para essa limpeza.
De acordo com a Sabesp, lavar o carro durante 30 minutos com a mangueira não muito aberta gasta 216 litros de água. Com meia volta de abertura, o desperdício chega a 560 litros. Para reduzir, basta lavar o carro somente uma vez por mês com balde. Nesse caso, o consumo é de apenas 40 litros.
Sistemas que podem gerar economia de água nos apartamentos
1) Reguladores de vazão
São dispositivos instalados em chuveiros, torneiras e descargas, que controlam a passagem da água, reduzindo, se necessário, a vazão. Em resumo, esses aparelhos compensam a pressão da água nesses equipamentos, impedindo a passagem de um fluxo maior do que o pré-estabelecido.
A instalação dessas peças dispensa a contratação de um encanador ou de mão de obra especializada, e podem ser facilmente encontradas em lojas de mercado de construção ou materiais hidráulicos, a preços acessíveis.
2) Vasos sanitários
As bacias e válvulas mais antigas despejam de 12 a 24 litros de água por descarga. Já os vasos com caixa acoplada diminuem esse volume para 3 a 6 litros, pois possuem dois botões distintos, que liberam a água conforme a necessidade de uso.
Crise hídrica impacta na conta de luz
A queda de geração de energia por conta da escassez das usinas hidrelétricas faz com que outras fontes sejam acionadas para suprir essa perda, como é o caso das usinas termelétricas, que são substancialmente mais caras.
Isso impacta diretamente no aumento dos preços da energia, e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) já estima uma alta de pelo menos 5% nas contas de luz em 2022.
Diante disso, além de economizar água no condomínio, as práticas de economia de energia nos condomínios também devem ser rigorosamente retomadas nesse momento. Em breve publicaremos uma matéria sobre o assunto, por isso, continue ligado no portal SíndicoNet.
Fontes: Sabesp, BBZ (administradora)
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